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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tratado das Matérias I

As pessoas são como matérias escolares. Assim como se aprende Português e Matemática, se aprende M. e L.

Há matérias como o Português: você as estuda todos os dias; e há matérias como Educação Física: só uma vez por semana.

Essa escola não dá bomba, embora te submeta a provas periódicas. Nunca se perde uma matéria, apenas se tranca a matrícula por tempo indeterminado.

Há matérias chatíssimas. Nesses dias a gente mata aula. Algumas são tão fascinantes que nem se ouve o sinal tocar. Outras, somos salvos pelo gongo.

Não convém rever apontamentos; isso demonstra que não houve assimilação de informações e, consequentemente, desinteresse.

Assim como não gostamos de certas matérias, algumas não gostam da gente. Aí, cabe a você decidir se vale a pena insistir. Algumas matérias são assimiladas depois de muito esforço. No entanto, se o fazemos (esforçamos e aprendemos) é porque elas são importantes para nós. E, uma vez aprendidas, nunca as esquecemos. Outras, porém, por mais que você se esforce, não consegue aprender, e desiste delas, e as esquece. Assim agindo, um dia em sua vida, quando precisar do conhecimento que elas te ofereciam, perceberá que deveria ter insistido; e agora, elas se perderam entre livros velhos.

Algumas matérias se estudam por obrigação. São conhecimentos imprescindíveis e, para que a tarefa seja mais fácil, é preciso, se não gostar, ao menos tolerá-las.

Os livros não têm começo ou fim, são eternos. Cabe a você reconhecer o momento da formatura.

Obs.: Quanto mais se aprende, mais há o que aprender.

BH - agosto - 1985

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Progresso

Evolução é coisa que demora. Leva tempo para se dizer oficialmente: “isso mudou”. Quanto tempo? Esse tempo pode ser determinado?

Progresso. Da infância e juventude em Belo Horizonte, lembro do tempo em que se tirava o telefone do gancho e, muito raramente, o toque contínuo estava lá, a nosso dispor. Pra falar a verdade, o “tu-tu-tu” de linha ocupada sempre era a primeira opção... Depois de... não sei quanto tempo, a linha estava sempre disponível.

Lembro que, sempre que chovia, faltava luz. Era inevitável (já viu esse filme, né?). Depois de... não sei quanto tempo, falta de luz passou a ser raridade.

Teresina, Piauí, “nowadays”. O telefone sempre dá linha, mas ainda falta luz quando chove... só que não com tanta frequência. Hoje em dia até acontece de não se passar um aguaceiro no escuro.

Lembro do tempo em que só existia um sinal de trânsito na zona Leste: no começo da João XXIII com Nossa Senhora de Fátima. Devagarzinho, a tríade luminosa foi tomando conta dos cruzamentos, alguns com irritantes 3 minutos inteirinhos de espera (Homero Castelo Branco com... como é mesmo o nome daquela rua que passa pelo Choppizza do Jockey Center?).

Quando a gente achava alguma coisa legal no comércio, tinha que comprar logo um ou dois, porque nunca mais você ia ver aquilo de novo. Nesse ponto, Deus salve a internet. Se não vem pra cá, a gente busca em outro “sítio”.

O que mais me impressionou quando cheguei em Teresina há 25 anos atrás foi a quantidade de céu. Céu, céu, céu pra todo lado. Nascida e criada em Belo Horizonte, sentia falta das minhas montanhas, ou mesmo dos altos edifícios. Agora o perfil da cidade salpica o azul celeste com mil cores, vidro, metal e cimento.

Agora essa foi rápida... coisa de 2 anos pra cá: gente, não tem quem consiga fazer um retorno na Presidente Kennedy sem esperar uma década... Haja carro! Pra todo lado que se vai, a qualquer hora do dia, é uma enxurrada de carro que não acaba mais. Engarrafamento pra tudo que é lado e, o que é pior: batidas. Onde quer que a gente ande, sempre encontra uma batida. Na hora do rush então são duas ou três no seu caminho para casa. Acho que a facilidade na aquisição de veículos e a juventude cada vez mais independente contribuíram para um caos urbano digno de cidade grande.

Tempo... quanto tempo vai levar pro horizonte teresinense se cobrir de viadutos e se descobrir de casarões históricos em favor de ruas mais amplas? Quanto tempo até ficarmos prisioneiros das placas dos carros: hoje você roda, hoje você não roda?

Teresina virou cidade grande? Viva! Agora pague o preço.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tô só começando...

Detesto fase nova... detesto mudar de software... detesto mudar. Começar tudo de novo... criar novas rotinas, lamentar recursos perdidos, enlouquecer com novas possibilidades! Mas é o jeito, o ser humano é mutante e evolutivo (às vezes regressivo). Nem sempre foi assim.

Lembro dos tempos de colégio (bota tempo nisso!) em que a última divisão dos meus cadernos de 10 matérias sempre reservava para divagações literárias. Com o tempo isso mudou. Não havia mais cadernos (entrei na faculdade), não havia mais tempo (comecei a trabalhar), não tinha mais importância (casei, mudei de estado, tive filhos...). Perdi o dom. O dom da escrita exige exercício: se você não usa, atrofia. Dez, vinte anos se passaram e, nesse tempo de doce juventude, a tecnologia assomou à minha porta e eu a agarrei com unhas e dentes: design gráfico, produção gráfica, paginação eletrônica... e agora, depois de muita resistência (a véia aqui foge de novidade, lembra?) abro a primeira página da última divisão do meu caderno... virtual: um blog.

Quando comecei a trabalhar com produção gráfica, busquei alguns dos meus textos preferidos dentro de velhas pastas empoeiradas e tentei organizar tudo em um livro. Chamei até um amigo da área, o saudoso Mário Soares, para me ajudar nessa empreitada, mas o projeto voltou para dentro das pastas a colecionar poeira... Agora, volto a espantar teias e aranhas e pretendo transcrever esses textos, datilografados em folhas de papel, para o universo eletrônico e, com o tempo, pretendo retormar o exercício literário. Quem sabe, talvez, se der certo, novas divagações vão somar-se a essas memórias.

Pretendo trazer para cá também duas coisas que escrevi e que faço de conta que são "livros". Não sei bem como farei isso porque ainda estou enlouquecendo com as novas possibilidades...

Coitadinha da minha filhota que vai ter que aguentar a véia aqui perguntando como é que faz as coisas : )