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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Progresso

Evolução é coisa que demora. Leva tempo para se dizer oficialmente: “isso mudou”. Quanto tempo? Esse tempo pode ser determinado?

Progresso. Da infância e juventude em Belo Horizonte, lembro do tempo em que se tirava o telefone do gancho e, muito raramente, o toque contínuo estava lá, a nosso dispor. Pra falar a verdade, o “tu-tu-tu” de linha ocupada sempre era a primeira opção... Depois de... não sei quanto tempo, a linha estava sempre disponível.

Lembro que, sempre que chovia, faltava luz. Era inevitável (já viu esse filme, né?). Depois de... não sei quanto tempo, falta de luz passou a ser raridade.

Teresina, Piauí, “nowadays”. O telefone sempre dá linha, mas ainda falta luz quando chove... só que não com tanta frequência. Hoje em dia até acontece de não se passar um aguaceiro no escuro.

Lembro do tempo em que só existia um sinal de trânsito na zona Leste: no começo da João XXIII com Nossa Senhora de Fátima. Devagarzinho, a tríade luminosa foi tomando conta dos cruzamentos, alguns com irritantes 3 minutos inteirinhos de espera (Homero Castelo Branco com... como é mesmo o nome daquela rua que passa pelo Choppizza do Jockey Center?).

Quando a gente achava alguma coisa legal no comércio, tinha que comprar logo um ou dois, porque nunca mais você ia ver aquilo de novo. Nesse ponto, Deus salve a internet. Se não vem pra cá, a gente busca em outro “sítio”.

O que mais me impressionou quando cheguei em Teresina há 25 anos atrás foi a quantidade de céu. Céu, céu, céu pra todo lado. Nascida e criada em Belo Horizonte, sentia falta das minhas montanhas, ou mesmo dos altos edifícios. Agora o perfil da cidade salpica o azul celeste com mil cores, vidro, metal e cimento.

Agora essa foi rápida... coisa de 2 anos pra cá: gente, não tem quem consiga fazer um retorno na Presidente Kennedy sem esperar uma década... Haja carro! Pra todo lado que se vai, a qualquer hora do dia, é uma enxurrada de carro que não acaba mais. Engarrafamento pra tudo que é lado e, o que é pior: batidas. Onde quer que a gente ande, sempre encontra uma batida. Na hora do rush então são duas ou três no seu caminho para casa. Acho que a facilidade na aquisição de veículos e a juventude cada vez mais independente contribuíram para um caos urbano digno de cidade grande.

Tempo... quanto tempo vai levar pro horizonte teresinense se cobrir de viadutos e se descobrir de casarões históricos em favor de ruas mais amplas? Quanto tempo até ficarmos prisioneiros das placas dos carros: hoje você roda, hoje você não roda?

Teresina virou cidade grande? Viva! Agora pague o preço.

Um comentário:

  1. E são relatos assim que permitem que membros de gerações posteriores - como eu - possam ter ideia do quanto Teresina realmente está mudando.

    Parece que apagaram as luzes para cantar 'parabéns' e, quando foram novamente acesas, nada mais era como antes. A história da menina dos 15 anos... rs. :)

    Mais progressos aqui e frutíferos textos.

    Um abraço,

    Mara Vanessa

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